Descubra como cientistas da ETH Zurich usam soro de leite para recuperar ouro de eletrônicos com eficiência, baixo custo e impacto ambiental quase zero. Em um mundo cada vez mais conectado, os dispositivos eletrônicos se tornaram parte essencial da vida moderna. No entanto, por trás da praticidade de smartphones, notebooks e outros aparelhos, esconde-se um problema crescente: o lixo eletrônico. Todos os anos, toneladas desses equipamentos são descartadas, muitas vezes sem o devido tratamento, causando danos ambientais e desperdício de recursos valiosos como o ouro.
Recentemente, uma pesquisa realizada por cientistas da ETH Zurich, na Suíça, ganhou destaque internacional ao propor uma solução revolucionária para a recuperação de ouro a partir do lixo eletrônico. Usando um subproduto da indústria de laticínios, o soro do leite, os pesquisadores conseguiram extrair ouro de placas-mãe de computadores de maneira eficiente, ecológica e incrivelmente promissora.
1. O ouro escondido nos eletrônicos: um tesouro subestimado
Ouro é usado em componentes eletrônicos devido à sua excelente condutividade elétrica e resistência à corrosão. Mesmo em quantidades microscópicas, esse metal está presente em placas-mãe, chips, conectores e outros elementos internos de diversos aparelhos.
Estima-se que uma tonelada de smartphones pode conter até 300 gramas de ouro — mais do que algumas minas exploradas comercialmente. O problema é que esse ouro, quando não reciclado, é simplesmente perdido no meio do lixo.
A reciclagem tradicional do ouro presente nos eletrônicos envolve o uso de produtos altamente tóxicos, como ácido nítrico, cianeto ou mercúrio, tornando o processo perigoso tanto para o meio ambiente quanto para os trabalhadores envolvidos.
Além disso, muitos países em desenvolvimento recebem lixo eletrônico de outras nações e o tratam de forma informal, o que agrava ainda mais os impactos sociais e ambientais da cadeia.
2. A solução inovadora da ETH Zurich: esponja proteica de soro de leite

O que torna essa pesquisa especialmente inovadora é o uso de um material comum, acessível e considerado resíduo pela indústria: o soro de leite. Esse subproduto da produção de queijos foi transformado em nanofibrilas proteicas capazes de formar uma espécie de esponja.
Essa esponja é mergulhada em uma solução ácida criada a partir da dissolução de componentes de placas-mãe. Os pesquisadores descobriram que os íons de ouro presentes nessa solução aderem seletivamente às fibras proteicas da esponja.
Após a absorção, a esponja é aquecida, reduzindo os íons a flocos de ouro metálico, que então podem ser fundidos em pepitas.
Esse método tem a vantagem de não utilizar solventes tóxicos, ser energeticamente eficiente e usar um material abundante e de baixo custo. Ou seja, uma solução tripla: econômica, sustentável e acessível.
3. Resultados práticos: ouro de alta pureza com custo baixíssimo
A equipe da ETH Zurich utilizou 20 placas-mãe antigas de computadores como matéria-prima. A partir delas, conseguiram recuperar 450 miligramas de ouro, com uma pureza de 91%, equivalente a 22 quilates.
Esse resultado foi alcançado com custos extremamente baixos. Segundo os pesquisadores, os gastos com materiais e energia foram cerca de 50 vezes menores que o valor comercial do ouro extraído. Em outras palavras, além de ambientalmente correto, o processo também é lucrativo.
Isso abre possibilidades econômicas importantes para cooperativas de reciclagem, startups de tecnologia limpa e governos que queiram implantar programas de reaproveitamento de lixo eletrônico.
A técnica também permite escalabilidade. Com a adaptação do processo em larga escala, centros urbanos poderiam estabelecer polos de mineração urbana, aproveitando eletrônicos descartados como fontes valiosas de metais.
4. Sustentabilidade em dobro: reciclagem de eletrônicos e aproveitamento de resíduos alimentares

Outro ponto que torna essa descoberta excepcional é o fato de reutilizar dois tipos diferentes de resíduo: o eletrônico e o alimentar. O soro do leite é um material amplamente descartado pela indústria de laticínios, podendo causar impactos ambientais se não for tratado corretamente.
Ao transformar esse resíduo em uma ferramenta de extração de ouro, a ETH Zurich promove um modelo de economia circular, no qual os resíduos de uma indústria são aproveitados por outra, gerando valor e reduzindo desperdícios.
Esse tipo de solução alinha-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente no que se refere à produção e consumo sustentáveis.
Além disso, a abordagem abre espaço para a criação de novas cadeias produtivas e profissionais, desde a coleta seletiva de eletrônicos até o tratamento técnico das esponjas, promovendo inovação e inclusão social.
5. O futuro da tecnologia: prata, platina e terras raras na mira da reciclagem verde
O sucesso da recuperação do ouro é apenas o primeiro passo. A equipe da ETH Zurich já está estudando como adaptar a esponja de nanofibrilas para capturar outros metais preciosos e estratégicos encontrados em eletrônicos, como:
- Prata
- Platina
- Paládio
- Terras raras (como o neodímio, presente em alto-falantes e telas)
Esses elementos são cruciais para a produção de baterias, motores elétricos e painéis solares, sendo cada vez mais demandados pela indústria de tecnologia verde.
Com o crescimento da mobilidade elétrica e da energia limpa, a capacidade de recuperar esses materiais de forma segura e eficiente é essencial para garantir a sustentabilidade do setor.
A expectativa é que nos próximos anos, laboratórios e centros de pesquisa em todo o mundo comecem a explorar aplicações semelhantes, criando uma nova geração de tecnologias de mineração urbana.
E o Brasil, onde entra nisso?
O Brasil é um dos países que mais produz lixo eletrônico na América Latina, mas a taxa de reciclagem ainda é baixa. Iniciativas como a proposta pela ETH Zurich podem ser adaptadas e implantadas em cooperativas de catadores e centros de reciclagem urbanos.
Com investimento em pesquisa e apoio governamental, essa tecnologia pode transformar o lixo eletrônico brasileiro em fonte de riqueza e geração de empregos sustentáveis.
Há também oportunidades de colaboração entre universidades, indústrias e ONGs para fomentar laboratórios de inovação em sustentabilidade, especialmente nas regiões metropolitanas.
♻️ Curiosidade: Quanto ouro há no mundo eletrônico?
Segundo estimativas da ONU, cerca de 7% de todo o ouro do mundo está armazenado em dispositivos eletrônicos descartados ou em uso. Isso significa que, além das minas, os próprios lares e escritórios são hoje fontes ricas de metais preciosos — uma verdadeira mina urbana esperando ser explorada.
🇧🇷 Onde levar lixo eletrônico no Brasil?
No Brasil, há iniciativas que coletam lixo eletrônico de forma segura e responsável. Aqui estão algumas opções:
- Ecopontos das prefeituras: muitas cidades, como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, oferecem locais específicos para descarte de eletroeletrônicos.
- Associações como ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos) – https://abree.org.br: lista postos de coleta em diversos estados.
- Grandes redes varejistas como Magazine Luiza, Ponto e Casas Bahia têm coletores em algumas lojas físicas.
- Cooperativas locais de reciclagem, que recebem celulares, computadores, carregadores e cabos.
- Eventos periódicos de coleta promovidos por ONGs e universidades.
Conclusão
A descoberta da ETH Zurich é uma prova de que a inovação científica pode transformar desafios ambientais em soluções de alto valor. Ao usar um resíduo alimentar para extrair ouro de eletrônicos, os cientistas mostram que o futuro da reciclagem pode ser mais verde, eficiente e lucrativo.
Enquanto toneladas de ouro continuam escondidas em aparelhos descartados, o mundo observa atento o potencial dessa esponja de soro de leite — um pequeno grande passo rumo à sustentabilidade.
Além da contribuição ambiental, iniciativas como essa demonstram como a ciência aplicada pode criar modelos econômicos inclusivos e inteligentes, onde até o resíduo do queijo tem o brilho do ouro.
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FAQ rápido: Ouro em eletrônicos e reciclagem verde
1. Todo eletrônico tem ouro?
Sim, principalmente placas-mãe de computadores, celulares, tablets e notebooks possuem pequenas quantidades de ouro nos conectores e circuitos.
2. É possível recuperar esse ouro em casa?
Não é recomendado. Os processos envolvem produtos químicos e exigem conhecimento técnico. A pesquisa da ETH Zurich mostra um caminho mais seguro e ecológico, feito em laboratório.
3. Onde posso descartar meu lixo eletrônico no Brasil?
Você pode levar seus dispositivos a ecopontos municipais, cooperativas ou consultar locais no site da ABREE.
4. Essa técnica da ETH Zurich já está em uso comercial?
Ainda não, mas há grandes expectativas para sua aplicação industrial e futura disseminação em centros de reciclagem urbana.

Sou redatora de entretenimento geral com anos de experiência em artesanato, unindo criatividade e precisão em cada texto. Com uma abordagem leve e informativa, exploro temas diversos e atuais, conectando o leitor a experiências culturais e dicas práticas. Minha formação artística agrega um toque autêntico ao conteúdo, criando conexões com públicos variados.