“Vida e Morte do Papa Francisco”, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi uma figura singular na história da Igreja Católica, sendo o primeiro papa latino-americano e jesuíta. Sua vida, marcada pela simplicidade e compromisso com os mais vulneráveis, transformou a Igreja e inspirou milhões ao redor do mundo. Sua morte, em 21 de abril de 2025, aos 88 anos, encerrou um pontificado revolucionário, deixando um vazio e uma reflexão global sobre seu impacto. Este artigo traça a trajetória de Francisco, desde suas origens em Buenos Aires até os eventos de sua morte, os preparativos para seu funeral, seu legado duradouro e as perspectivas para o futuro da Igreja.
Vida e Morte do Papa Francisco, as Origens em Buenos Aires
Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, no bairro de Flores, em Buenos Aires, Argentina, em uma família de imigrantes italianos de classe média. Filho de um contador e de uma dona de casa, cresceu em um ambiente que valorizava a fé católica, o trabalho e a solidariedade. Flores, com sua forte influência italiana, moldou sua personalidade: ele era um apaixonado torcedor do San Lorenzo e apreciador de tango, traços que humanizavam sua imagem mesmo como papa.

Na juventude, Bergoglio trabalhou como técnico químico e até como porteiro em uma boate, experiências que o conectaram às lutas do povo comum. Uma grave infecção pulmonar aos 21 anos, que exigiu a remoção de parte de um pulmão, foi um ponto de virada. A proximidade com a morte despertou sua vocação, levando-o a ingressar na Companhia de Jesus em 1958. Como jesuíta, adotou uma espiritualidade de disciplina, estudo e serviço aos outros, que guiaria sua vida.
Ascensão na Igreja Católica
Ordenado sacerdote em 1969, Bergoglio rapidamente se destacou por sua liderança pastoral. Nos anos 1970, como provincial dos jesuítas na Argentina, enfrentou o desafio de liderar durante a ditadura militar (1976-1983). Sua atuação foi alvo de polêmicas: enquanto alguns o acusaram de omissão diante das violações de direitos humanos, outros destacaram seus esforços discretos para proteger vítimas do regime. Apesar das controvérsias, sua dedicação aos pobres e sua habilidade administrativa o elevaram na hierarquia eclesiástica.
Em 1992, tornou-se bispo auxiliar de Buenos Aires e, em 1998, arcebispo da cidade. Como arcebispo, era conhecido por visitar favelas, celebrar missas em comunidades marginalizadas e viver com austeridade, rejeitando privilégios típicos do cargo. Em 2001, foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II, ganhando projeção internacional. No Conclave de 2005, foi considerado um forte candidato, mas Bento XVI foi eleito.
O Pontificado de Francisco
Eleito papa em 13 de março de 2013, Bergoglio escolheu o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis, símbolo de pobreza e humildade. Seu pontificado rompeu tradições: ele recusou morar nos apartamentos papais, optando pela modesta Casa Santa Marta, e preferia gestos simples, como usar um carro comum e lavar os pés de prisioneiros, refugiados e mulheres. Francisco promoveu reformas na Cúria Romana para combater a corrupção, aumentou a transparência financeira e enfrentou escândalos de abuso sexual com medidas mais firmes, embora nem sempre livres de críticas.

Suas encíclicas, como Laudato Si’ (2015), sobre a crise ambiental, e Fratelli Tutti (2020), sobre fraternidade universal, abordaram desafios globais, enquanto sua defesa de migrantes, pobres e minorias o colocou em diálogo com o mundo secular. Apesar de resistências de setores conservadores, que o acusavam de flexibilizar doutrinas, Francisco conquistou corações com sua autenticidade, tornando-se uma voz moral em um mundo polarizado.
A Morte do Papa Francisco
A morte do Papa Francisco, anunciada pelo Vaticano na manhã de 21 de abril de 2025, marcou o fim de uma era. Aos 88 anos, o pontífice sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na noite de 20 de abril, enquanto descansava em seus aposentos na Casa Santa Marta. Apesar da rápida intervenção da equipe médica do Vaticano, sua condição deteriorou-se rapidamente devido a complicações de insuficiência cardíaca, agravadas por sua saúde fragilizada nos últimos anos.
O porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, informou que Francisco passou seus momentos finais em oração, cercado por cardeais próximos e membros da Companhia de Jesus, em um ambiente de serenidade.
Nos últimos anos, Francisco enfrentava problemas de saúde, incluindo dificuldades respiratórias decorrentes de sua cirurgia pulmonar na juventude, infecções respiratórias frequentes e dores crônicas no joelho, que o obrigavam a usar cadeira de rodas em eventos públicos. Apesar disso, ele mantinha uma agenda intensa, com audiências gerais e mensagens pastorais, demonstrando resiliência até o fim. Sua última aparição pública, em 19 de abril, foi durante uma audiência com líderes inter-religiosos, onde reiterou a importância do diálogo para a paz mundial.
A notícia de sua morte gerou uma onda de comoção global. Na Argentina, seu país natal, milhares de fiéis se reuniram na Catedral Metropolitana de Buenos Aires, muitos em lágrimas, para prestar homenagens. O governo argentino declarou sete dias de luto oficial, e o presidente Alberto Fernández descreveu Francisco como “um filho da Argentina que iluminou o mundo”.
Líderes globais, como o presidente dos EUA, Joe Biden, que destacou sua “voz incansável pela justiça”, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, que o chamou de “guia moral da humanidade”, emitiram condolências. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Francisco “ensinou ao mundo o poder do amor e da solidariedade”.
Nas redes sociais, a hashtag #PapaFrancisco dominou as plataformas, com milhões de mensagens de católicos, membros de outras religiões e até ateus, que reconheciam sua influência. Contudo, setores conservadores da Igreja também expressaram críticas, reacendendo debates sobre seu papado progressista e o rumo futuro da Igreja.
Preparativos para o Funeral e o Conclave
O Vaticano detalhou os preparativos para o funeral do Papa Francisco, que será realizado em 26 de abril de 2025, na Praça de São Pedro, em uma cerimônia que promete reunir chefes de Estado, líderes religiosos e milhares de peregrinos. Seguindo o desejo de Francisco por simplicidade, o caixão será de madeira com detalhes em zinco, sem ornamentos luxuosos, refletindo sua rejeição à opulência. A partir de 23 de abril, o corpo do pontífice será exposto na Basílica de São Pedro para veneração pública, com um esquema especial de segurança para gerenciar a multidão esperada, estimada em mais de um milhão de pessoas.

O funeral seguirá o rito tradicional dos papas, mas com toques pessoais de Francisco, como leituras de trechos de Laudato Si’ e cânticos em espanhol, em homenagem à sua herança latina. Após a cerimônia, o corpo será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, conforme seu desejo expresso em vida, rompendo com a tradição de sepultamentos nas Grutas Vaticanas. A escolha reflete sua devoção à Virgem Maria e sua vontade de descansar em um local acessível aos fiéis.
O Conclave para eleger o novo papa está programado para começar entre 15 e 20 dias após o funeral, provavelmente em meados de maio de 2025. O processo, regido pela constituição apostólica Universi Dominici Gregis, reunirá cerca de 120 cardeais eleitores na Capela Sistina. Entre os nomes cotados estão o cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, conhecido por sua habilidade diplomática; o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas, próximo do estilo pastoral de Francisco; e o cardeal Matteo Zuppi, de Bolonha, defensor de causas sociais.
A escolha será decisiva para determinar se a Igreja manterá a abordagem progressista de Francisco ou adotará uma linha mais tradicional, especialmente em questões como o celibato clerical, o papel das mulheres e a inclusão de minorias.
O Vaticano já mobilizou equipes para organizar a transição, com reforços na segurança de Roma e apoio logístico para receber delegações internacionais. A mídia global acompanha de perto, com especulações sobre o perfil do próximo papa e o impacto do Conclave em um mundo marcado por crises políticas, sociais e ambientais.
O Legado de Francisco
O legado do Papa Francisco é vasto e multifacetado, redefinindo o papel da Igreja Católica no século XXI. Sua visão de uma “Igreja pobre para os pobres” trouxe uma nova sensibilidade pastoral, aproximando o Vaticano das periferias do mundo. Entre suas contribuições mais marcantes estão:
- Reformas Institucionais: Francisco combateu a corrupção na Cúria Romana, reestruturando o Banco do Vaticano e promovendo maior transparência financeira. Suas mudanças administrativas, embora enfrentassem resistências, fortaleceram a credibilidade da Igreja.
- Defesa da Justiça Social: Ele foi uma voz incansável em prol de migrantes, refugiados e vítimas de desigualdades, desafiando líderes mundiais a priorizar a dignidade humana. Suas visitas a campos de refugiados e zonas de conflito, como Lampedusa e o Iraque, simbolizaram sua solidariedade.
- Compromisso Ambiental: Com Laudato Si’, Francisco colocou a Igreja na vanguarda do debate climático, apelando por uma “conversão ecológica” e influenciando políticas globais.
- Diálogo Inter-religioso: Ele promoveu encontros históricos com líderes muçulmanos, judeus e de outras tradições, como o documento de Abu Dhabi (2019), que reforçou a fraternidade entre religiões.
- Inclusão e Misericórdia: Francisco abriu espaço para discussões sobre a inclusão de divorciados recasados, pessoas LGBTQ+ e mulheres na Igreja, embora sem mudanças doutrinárias radicais, o que gerou tanto apoio quanto críticas.
Apesar de seu impacto, Francisco enfrentou oposições internas, especialmente de cardeais conservadores que viam suas reformas como um afastamento da tradição. Sua ênfase na misericórdia em detrimento de rígidas normas doutrinárias gerou tensões, mas também revitalizou a Igreja, atraindo jovens e fiéis desencantados.
Fora da esfera católica, Francisco tornou-se um ícone global, comparado a figuras como Nelson Mandela por sua capacidade de unir pessoas em torno de valores universais. Sua influência transcendeu a religião, inspirando movimentos sociais, políticas públicas e até a cultura pop, com sua imagem estampada em murais e documentários.
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O Futuro da Igreja Católica
A morte de Francisco abre um período de incerteza e reflexão para a Igreja Católica. O próximo papa enfrentará desafios complexos, incluindo:
- Secularização: Em regiões como Europa e América do Norte, a Igreja perde fiéis para a indiferença religiosa, exigindo estratégias para reengajar as novas gerações.
- Polarização Interna: As divisões entre progressistas e conservadores, intensificadas no papado de Francisco, testarão a unidade da Igreja. O Conclave será um campo de batalha ideológico.
- Questões Éticas e Sociais: Debates sobre o celibato, a ordenação de mulheres, a inclusão de minorias e a resposta aos abusos sexuais continuarão a pressionar o Vaticano.
- Relevância Global: Em um mundo marcado por crises climáticas, desigualdades e conflitos, a Igreja precisará manter sua voz profética, como Francisco fez, sem perder sua identidade espiritual.
O sucessor de Francisco herdará uma Igreja mais aberta, mas também mais contestada. A escolha entre um papa que consolide suas reformas ou um que priorize a ortodoxia doutrinária definirá o rumo do catolicismo por décadas. Além disso, a crescente influência de cardeais de regiões como África e Ásia, onde o catolicismo cresce, pode resultar na eleição de um papa não europeu, reforçando a globalização da Igreja.
A continuidade das reformas de Francisco, especialmente na área financeira e na luta contra abusos, será crucial para manter a credibilidade do Vaticano. O próximo pontífice também terá que navegar o delicado equilíbrio entre tradição e modernidade, respondendo às expectativas de um mundo em transformação sem alienar os fiéis mais tradicionais.
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Conclusão
A vida do Papa Francisco, de Jorge Mario Bergoglio, foi uma jornada extraordinária, desde as ruas de Flores até o coração do Vaticano. Sua morte, em 21 de abril de 2025, não apenas encerrou um dos papados mais transformadores da história, mas também lançou a Igreja Católica em um momento de introspecção e renovação. Seus últimos momentos, em oração e paz, refletiram a serenidade com que viveu, enquanto os preparativos para seu funeral, com sua característica simplicidade, ecoam sua mensagem de humildade.
O legado de Francisco – de uma Igreja mais humana, inclusiva e engajada com os desafios do mundo – permanecerá como um farol para fiéis e não fiéis. Ele ensinou que a fé pode ser um motor de mudança, unindo corações em um mundo dividido. Enquanto a Igreja se prepara para o Conclave e a escolha de um novo papa, o mundo presta homenagem a um líder que, com gestos simples e palavras profundas, mostrou que o amor e a compaixão podem transcender fronteiras. A memória de Francisco viverá nas periferias que ele abraçou, nas reformas que iniciou e na esperança que plantou em milhões de corações.
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